Brazil Brief | Diplomacia econômica e mercados: como o Brasil ganha espaço na nova organização geopolítica global
Em um cenário global marcado por tensões comerciais crescentes, disputas por cadeias de suprimento estratégicas e uma transição energética acelerada, o Brasil ocupa uma posição singular. O país busca ampliar sua autonomia geopolítica e econômica ao mesmo tempo em que preserva boas relações com potências globais como Estados Unidos e China, fortalece sua atuação dentro do BRICS e avança nas negociações comerciais com blocos como Mercosul e União Europeia. A expectativa de ratificação do acordo entre Mercosul e UE, após anos de impasse, reforça essa agenda de inserção internacional ampliada.
Até recentemente, a lógica predominante da produção global estava centrada no custo. Com o acirramento da guerra tarifária, no entanto, a tributação passou a ocupar papel central na reorganização das cadeias produtivas. Nesse novo arranjo, o Brasil, que está entre os países menos afetados pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos, figurando na faixa dos 10%, surge como uma plataforma viável de exportação para empresas internacionais. Como impacto direto já percebido, houve aumento das exportações do agronegócio para a China. O governo brasileiro tem apostado em uma diplomacia econômica multifocal, voltada à ampliação de acordos comerciais e à afirmação de sua estabilidade institucional.
Essa estratégia, combinada a reformas estruturantes e à criação de mecanismos de incentivo ao capital privado, coloca o país na rota de investidores interessados em diversificação geográfica com segurança. Em um contexto de instabilidade global, o Brasil desponta como destino estratégico para o Investimento Estrangeiro Direto (IED), oferecendo uma combinação de diferenciais atrativos: abundância de recursos naturais, matriz energética diversificada, ambiente regulatório em modernização e previsibilidade jurídica relativa — fundamentos que embasam projetos de longo prazo com retorno sustentável.