Brazil Brief | Energia renovável e oportunidades estratégicas em meio à transformação global
O setor energético brasileiro permanece como um dos pilares mais promissores para atração de investimento estrangeiro, impulsionado pela busca global por segurança no abastecimento e fontes renováveis. Nesse cenário, o governo brasileiro aprovou a Medida Provisória nº 1.300/2025, publicada em maio de 2025, que representa a mais ampla reformulação do setor elétrico em mais de duas décadas. A medida estabelece diretrizes para a abertura gradual do mercado livre de energia, moderniza os mecanismos de contratação e comercialização e amplia os incentivos à geração renovável. Com isso, busca-se fortalecer a segurança jurídica, aumentar a competitividade e atrair novos investimentos, promovendo um ambiente mais eficiente, transparente e favorável à expansão da infraestrutura energética no país.
Um dos temas contemplados pela medida é o setor de armazenamento de energia em baterias, tecnologia fundamental para estabilizar a geração intermitente das fontes solar e eólica. A expectativa é que esse recurso seja contemplado nos próximos Leilões de Reserva de Capacidade (LRCAP), previstos para o segundo semestre de 2025, que devem mobilizar aportes privados em geração térmica, hidrogênio e biometano.
"Temos observado um movimento crescente de integração entre diferentes fontes de energia. Já existem projetos de termelétricas associados à produção de biocombustíveis, e esse ecossistema de soluções complementares tende a se expandir com a adoção de novos modelos de leilão." - Paula Padilha Cabral Falbo
O biometano é outro destaque da nova matriz energética brasileira. Vinculado a programas públicos de estímulo à descarbonização, como a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), ele tem atraído atenção de investidores. Embora ainda existam desafios regulatórios para sua contratação em escala, seu potencial é elevado, especialmente em regiões com forte produção agropecuária.
Ainda que o setor energético não seja diretamente impactado pela guerra comercial entre China e Estados Unidos, a cadeia de fornecimento de equipamentos, como painéis solares e baterias, pode ser uma oportunidade de investimentos. O Brasil pode se beneficiar caso o cenário leve à facilitação de importações ou até a instalação de fábricas no território nacional, o que contribuiria para a expansão da capacidade produtiva local.
Autora: Paula Padilha Cabral Falbo | Sócia